quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Este blog foi criado com a finalidade de registrar algumas das conversas que eu tenho com meu pai sobre a sua vida e as suas histórias. 
Meu pai nasceu no ano de 1934 na cidade de São Rafael. João Rodrigues de Sousa, filho de Francisco Rodrigues de Sousa e Joana Maria da Conceição. O filho mais velho de 6 irmãos dos quais somente 5 sobreviveram às dificuldades da vida de pobreza que eles tinham. Meu pai teve que trabalhar cedo, com 14 anos, para ajudar seus pais. Uma de suas irmãs foi dada para outra pessoa criar... até hoje não conhecemos nossa tia Maria Dijanira. Meu pai não é muito de contato com sua família, seus irmãos... nunca soube os porquês... mas mesmo assim ainda insistimos no contato com as tias Maria, em Mossoró/RN e a Teresinha, em Pendências/RN. 
Lembro que no ano passado (2013), nas férias de julho, fomos visitar nossas tias no Rio Grande do Norte. Minhas tias nos receberam muito bem, mas meu tio Wilson nem nos deixou entrar na sua casa. Não sei se por medo, por que fomos em comboio de 3 carros, ou por susto, por que chegamos de uma vez, sem avisar, de surpresa. Nessa mesma viagem tínhamos combinado de ir todos para Natal, conhecer a tia Maria Dijanira, mas ela inventou uma história tão louca, deu mil desculpas e nós sentimos que ela não queria nos conhecer... também não seu se foi por medo ou, talvez, pela vergonha de sua condição de vida. Como se nós tivéssemos uma super condição de vida...
O fato é que tenho meu pai como um grande exemplo de vida e de vitória... o cabra saiu cedo de casa para trabalhar no campo, aprendeu a tocar viola, se tornou cantador de viola, repentista na verdade... o cabra se ofereceu para trabalhar no DNOCS como anotador, depois ficou observando o trabalho dos topógrafos e aprendeu o ofício. O cabra se tornou topógrafo do DNOCS, efetivo num emprego federal, sem sequer passar num concurso ou terminar uma faculdade. Meu Deus, não se fazem mais cabras assim... meu pai tem uma história sofrida, mas vitoriosa. 
Hoje ele é aposentado federal, tem uma aposentadoria razoável, aliás, boa para quem terminou apenas a 3a série primária. Criou 7 filhos, dos quais 5 são formados por alguma faculdade, 4 são professoras e fizeram uma especialização e 1 dos seus filhos é contador, 1 de seus filhos está terminando a faculdade e o outro nunca quis saber de estudar, mas é segurança. Um homem desses não é vitorioso???
Pois é... pretendo aqui ir contando, sem o rigor de seguir o tempo cronológico, mas com o carinho de ir contando partes de nossas conversas. Meu pai hoje mora comigo, aliás eu que ainda moro com ele. As circunstancias da vida quiseram assim... minha mãe morreu em 23 de Julho de 2011, hoje com mais de 3 anos, e eu, que já morava em casa devido uma gravidez de risco que ei tive e meus pais acompanharam e cuidaram de mim, continuei morando com ele, o seu João, meu pai e avô babão da minha pequena.
Pra começo é isso... aos poucos vou apresentando a família que meus pais formaram.
Sou grata a Deus por isso!!!

Histórias de antigamente...

Hoje (20 de Agosto de 20140 eu e meu pai estávamos falando mais uma vez de suas histórias de antigamente. Ele me falava sobre os seus pais, que não tiveram acesso à escola. Ele falava especificamente do meu avô, o vô Chico... dizia que ele era um homem brabo, ignorante do interior e sem estudos. Claro, naquela época, cerca de 1940 ou menos, estudar era coisa de rico, dos filhos dos donos das fazendas. Meu avô era um empregado da fazenda e meu pai, por sorte e por que na fazenda havia uma escolinha, da Dona Ritinha, foi matriculado nessa escolinha e aprendeu a ler e a fazer as contas de matemática à sombra dos pés de Benjamin (Ficus). Meu pai também lembrou do casamento dos meus avós, seus pais, a vó Joana e o vô Chico... minha avó trabalhava numa fazenda e meu avô "mecheu" com ela... por conta do mal feito o rapaz, meu avô, foi levado à delegacia e foi obrigado a casar com minha avó. Isso aconteceu na cidade de Açu no Rio Grande do Norte. Meu pai falando do seu pai, que era brabo e eu pensando: meu pai tem a quem puxar. Mesmo diante de suas brabezas eu gosto de conversar com ele sobre as coisas de antigamente. Isso fortalece nosso elo. Sou grata por isso!!!